sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Amor, estranho amor – devaneios –

Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Luís Vaz de Camões




Vi umas definições interessantes esses dias, "nós amamos o que nos faz mais falta, ou que mais almejamos ter."... pensei;

Amar é um misturar de sensações e percepções. Um gostoso saciar do que sou homem-mulher-ambiguidade, do que quero ser ou ter. “Eu sou ele, sou o que quero nele, logo eu quero tê-lo e obtê-lo de uma forma egocêntrica, narcísica, pois ele faz parte do que eu sou. E é claro alegórica, pois se tenho quero mostrá-lo, em toda minha onipotência”, Alguém toparia um amor escondido numa caverna? – acho que não seria tão bom - “Vejam que majestoso, estrondoso, sinto-no e sonhem com o que não lhe pertence. Estiga-me saber que se masturbam com minha posse, quando quem goza dela sou eu. Haha” – Loucura do amar? Ou devaneio de viver, de sentir e perceber...

Você é pragmático o amor então pode ser certamente influenciada por hormonios (tais como oxitocina), neurotransmissores (como NGF), e feromonios bem como a forma de pensar das pessoas o que faz com que estas se comportem com relação ao amor de maneira influenciada por suas concepções do que é o amor. Você pode defini-lo assim se o quiser...

Extinto sexual herdado em seu DNA, prazer indubitável e trivial, fervores puros, incontroláveis, “me leva a cometer tudo, até mesmo contra mim ou ele. Claro que ele é culpado pela minha loucura, afinal eu sou ele?” – Loucura da carne ou da mente?

Magneticamente revigorante, eletricamente perturbador - às vezes. Em algumas situações pode ser apavorante, ou sereno. Mas Inocente? Só pra quem mente.

Já vi ser quente e perverso ou singelamente doce e delicado. Pode ser vívido em suma liberdade ou pode ser suas piores correntes.

Nunca será o mesmo pra todos, ou melhor, é diferente pra cada um, têm cheiros, sabores, suores, calores, loucuras à parte.

Pode motivar, “... crio meu sentido de viver e existir aos seus olhos, aos seus elogios... a cada manhã, sinto sol em seu sorriso, não por me aquecer. Mas por realçar meu próprio brilho...”,

Algo que encoraja, leva o individuo aos astros, seria a droga do amor? Viciante e alucinante, seria a resposta pra dependência sórdida, mas tão adorada e aclamada... “Vamos, vamos travar uma guerra”, Tróia que diria, destruir a vida de um homem ou de muitos.

Amor estranho amor que pode criar um homem das cinzas também, levantá-lo, é um tipo de fé cega? - Talvez. “Por você eu faria tudo e mais o impossível, tão mais difícil seria morrer por você. Morreria! Mas viva o resto de sua vida por tributo ao meu amor, pois não quero sua liberdade, quero sua prisão nas minhas lembranças e no meu sacrifício”.

Dizem que quem ama deixa partir... É difícil? Diria quase impossível... Mas é real. Quer demostrar o que sente deixe livre. Pois o que aprisiona é tudo menos amor. Então vamos jogar este interjogo, no agora. Pois isto faz parte da minha humanidade.

Baixa auto-estima ou medo da solidão? Por ser meu porto seguro, ou minha segurança em tantas fraquezas? “Qual a razão por mesmo a você me dilacerar, me fazer sangrar ainda rezo por você, pra que seus olhos se voltem pra mim...” Masoquismo? Seria dar a outra face a tapa e continuar te amando? ... Ainda sou adepto ao amor próprio! Não gosto desse amor de amarras que adoece a todos.

Uma atração física ou energética? Material ou espiritual? De dependências e necessidades? Ou todo o contexto que a musica, as artes e a poesia podem nos lembrar.

Sensação do caos sereno que pode ensinar, amadurecer e compartilhar dos sentimentos e do companheirismo mais perfeito, como uma sinfonia sincronizada.

A ponto de entender o outro, de senti-lo de longe? Superstição x Razão. Ilusão ou conexão? Fazemos do misticismo prioridade, mas afinal nem sabemos ao certo o que é realidade! Sabemos o que sentimos e o que tornamos verdadeiros, aos nossos olhos... “foi o amor maior do mundo...” então que seja, afinal é seu existir, seu mundo.

Seja um amor de verão ou platônico. Ame como quiser! Mas por favor, por mim e por você, não seja o Romeu ou a Julieta. E mesmo que viverá a amargura da mágoa, um conselho: Não deixe de viver de novo por um passado, afinal, nada é igual, não se tranque na caverna e acompanhe sombras, mas saia pra ver de novo o sol, mesmo depois de uma tarde de chuva.

Sei que pra você o que eu digo ao final pouco importa, pois; “é nos olhos dele(a) que me acalmo, me deixo levar pela maré, é em seu toque que arrepia e traz desejos que me desnorteia, é em suas palavras que me perco e me derreto e não vejo mais nada, pois estou cego. Cego de amor.”

O que é o amor? Ele realmente existe ou é fruto de uma criação?

Enfim não basta entendê-lo, o melhor disso tudo é com certeza vivê-lo.


(...)

“Eu possa me dizer do amor (que tive):

Que não seja imortal, posto que é chama

Mas que seja infinito enquanto dure.”

Soneto da Fidelidade – Vinícius de Moraes





"Sou as duas metades da laranja!"



E mesmo reunindo todo o sumo da nossa laranja, somos infinitamente carentes, infinitamente solitários, infinitamente alegres e de vez em quando felizes.
Apenas posso acreditar no amor, e em todas as suas formas...como será possível ser unilateral se o amor acontece quando menos esperamos.
A lealdade acima de tudo, espero meus amores leais, pois a fidelidade é extremamente relativa, apenas peço a sinceridade total para a partilha de novas paixões ou dessas mesmas paixões. Qual o interesse de guardar um amor tão grande num cofre se esse amor é tão maravilhoso e deverá ser para todos, apenas nos pertencemos a nós, por mais dura que seja a realidade...o que é o corpo ao compararmos com a nossa alma? sei que o amor é sagrado quando visto dessa forma, e não interessa a sua durabilidade mas sim a sua verdade. Sinto-me livre, sinto-me apaixonada por essa liberdade, sinto-me amada e desejada, sinto-me a viver, sem pressas, sem rotinas, sem rótulos, seM exigências, sem cobranças, apenas vivemos e vivemos sabendo que nada é eterno, mas nós podemos sempre torná-lo, pois o amores nascem, crescem e nunca morrem pois existem e existirão sempre mesmo que não seja na nossa vida como actuais amantes!

(Anu Areias, 2010)

Um comentário:

  1. Acho interessante sua visão sobre o amor e à frente do nosso tempo também :) As experiencias modificam nosso jeito de pensar e até de sentir.

    Gostei muito :*

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