quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Liberdade verdadeira ou ilusão de liberdade?

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Gosto de falar que somos livres, pois acredito que no fundo realmente somos. Mas sei também que o mundo em que vivemos, o sistema que compartilhamos em nossas relações, em nossos trabalhos e comunhão social - Vem mesclado de uma liberdade ilusória. Muitos pensariam agora; “então você está se contra dizendo, pois o fato do ser humano viver com a presença de liberdade ilusória logo isso começa a fazer parte dele, portanto não é livre”. De fato é verdade, mas penso que de fundo existencial, nascemos livres! E depois somos ensinados, e apresentados a uma falsa liberdade a que começamos a cultuar, muitas vezes pra sobreviver. Infelizmente!

Aprecio e compartilho de muitas das idéias de Karl Marx. Principalmente quando diz sobre o materialismo histórico, acredito ser a melhor das concepções para entender os resquícios do passado, traduzidos da forma mais expandida e universal sobre as sociedades. Explicando a impregnação da mentalidade capitalista adjunto de toda formação de ideologias culturais manchadas de um existencialismo irreal, uma busca falsa, a partir de desejos e necessidades de uma minoria privilegiada por questões econômicas, que realimentam um ciclo.

Acredito que uma melhor forma de apresentar a realidade para as crianças e futuras gerações (pra mim a esperança para sairmos destes ciclos) para que possam usufruir a liberdade real. Esta na concepção de Descartes que diz que a liberdade está no plano das escolhas em alternativas. Alternativas que devem ser apresentadas de forma clara, objetivas e mais verdadeiras possíveis. Para que assim mais fácil se escolha uma alternativa. As alternativas são fruto da aquisição de informações, e muitas vezes as pessoas são privadas das informações da qual precisariam pra melhor entender suas alternativas, e por tanto decidirem suas escolhas.

Privação que não vem só da ignorância e falta de procura humana, mas sim de um sistema que precisa desta ignorância pra se manter. Logo entrar nesses assuntos, ou pior ensiná-los, prejudicaria a dinâmica do mercado e do dinheiro dos bolsos de empresários.

A questão da liberdade deve sempre entrar em pauta e discussão. Penso que algumas liberdades estruturadas hoje, principalmente por segmentos governamentais e corporativistas (industria e religiões), seriam melhor substituídos por libertinagem. Pois quando analisamos tais liberdades, vemos um olhar paternalista, ou seja, autoritário. Olhar esse que julga e passa por um filtro; “o que é melhor pra comunidade”. Esse olhar deve ser abolido, pois acreditar que “preciso proteger as pessoas delas mesmas”, socialmente pode vir como um olhar de cuidado e preocupação, mascarando muitas vezes um problema mais profundo que é da autoridade sem limitações, sem liberdade!

Só pra finalizar gostaria de citar mais um aspecto, mas creio que o trabalharei melhor em outro momento, que é a questão da democracia, hoje mesclada pela ignorância ensinada, e infelizmente impreguinada na população. É claro que a democracia hoje é muito bem aceita, pois se o povo não tem a informação necessária pra entender as verdades que os rodeiam, como podem escolher a melhor alternativa. Ai cabe ao marketing, aos multishows da vida, e propaganda, afinal um sorrisinho e pirulitos de graça definem tudo.

Gosto da concepção de Spinoza: “Associada à liberdade, está também a noção de responsabilidade, já que o acto de ser livre implica assumir o conjunto dos nossos actos e saber responder por eles.”

A liberdade deve estar alem de questões de sobrevivência, e acredito que o ser humano saberá usufruir de uma ética para contrapor seus desejos mais terrenos e humanos. Saberá ser livre sem transformar o mundo em caos. Porem acredito que a liberdade ilusória, ou o aprisionamento explicito do qual vive, já está cansando as almas e corações humanos, que se revoltam, gritam e explodem. Pulando a lei e pulando a justiça falha. Estão nos crimes, no excesso de violência, no adoecimento psíquico coletivo, mostrando o sintoma do grande erro das culturas. Pois a classe desvalorizada, a maioria por tanto, sabe no fundo que algo está errado, que o mundo está as aprisionando. E estão cansados disto!

Precisamos de uma sociedade mais horizontal e transparente, fundamentada não a partir da moral que é inquestionável e sim da ética que é discutível. Pelo fim da sonegação de informação, de conhecimentos.

Por fim, eu acredito que a liberdade na melhor das maneiras vem por consenso. Mas para que a sociedade, e nós mesmos em si, escolhamos o que queremos ser, fazer e viver – livremente. Precisamos antes reaprender, ou melhor, aprender pela primeira vez os fatos de forma verdadeira, longe de intervenções morais valorativas, religiosas dogmáticas, ou de regras fechadas ou “suspeitas”. Para que assim possamos realmente escolher livremente seguindo a verdade e o livre arbítrio sem nos enganarmos.


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