quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Existencialismo e Relações Humanas (parte 1 de 4)


INTRODUÇÃO

Quero começar o texto de hoje com uma experiência minha. Eu estudo Psicologia numa universidade aqui de São Paulo, 6º semestre, hoje resolvi sair da “minha rotina”, costumo ser meio reservado, dificilmente elevo minha voz no meio de uma aula pra dialogar com o professor ou com algum aluno, até mesmo em debates sou muito reservado. Enfim, ultimamente resolvi quebrar minha rotina, fazer o que não costumo fazer (tente fazer isso também, é ótimo).

A aula era sobre uma nova disciplina, enfoque na “fenomenologia” coisa nova para todos nós alunos que estavam ali, inclusive pra mim. A professora passou um filme pra assistirmos “Tempo de Despertar” (ótimo filme, eu indico), o filme focava de forma clara duas temáticas relacionadas; o existencialismo e as relações humanas. Resumindo era sobre um médico que até então sempre em sua vida trabalhara em pesquisa, longe das pessoas. Já no decorrer da trama ele vai para um hospital, num departamento de internados com problemas neurológicos. O médico vê ali o descaso com as pessoas, que são tratadas como plantas; sem afetividade, tratando os doentes resumidamente como doenças-sintomas. Ali ele vê na perspectiva de um “enfermo” uma vontade de existir, de viver. Mudando seu olhar de como tratar o ser humano e o que é essencial para existir.

Acabando o filme a professora começa uma discussão sobre o filme, perguntando, “o que vocês acharam do filme?”. Ah era tudo o que eu queria, eu entendi profundamente o filme, pensei foda-se vou falar alguma coisa. Alguns alunos se arriscaram falando sobre o impacto de algumas cenas. Eu levantei a mão e comecei a falar sobre o que entendi da mensagem do filme, acho que falei por 1 minuto sem parar, rs não sou nada sucinto as vezes. Depois um silencio na sala. Por algum momento admito me senti um idiota. A professora meio que me respondeu alguma coisa, no entanto não foi o que tinha perguntado. Duas colegas de sala me falaram coisas de diferentes, uma disse: “Falou bonito dih!” A outra acredito que resumiu a cara e sentimento da sala: “Dih acho que não sei o significado de meia dúzia de palavras que você disse.”

Pensei comigo, “será que falei alguma besteira?”, depois parei já estava no ônibus voltando pra casa, e como minha memória recente é muito boa, resolvi escrever no papel o que tinha dito. Escrevi tudo do jeito que eu falei, estava fresco na memória. Então li com calma, e “poxa eu ainda penso assim, não falei besteiras!”. Cheguei em casa e pedi ajuda pro meu irmão de 15 anos, li pra ele e minha nossa, pra minha surpresa ele disse: “ah Diego você quis dizer que as pessoas se esqueceram de como existir, o que elas acreditam de como é pra existirem na verdade é falso é algo que a sociedade passaram pra elas. E entendi que você disse que as relações das pessoas se distanciaram.” Acho que ganhei o dia um garoto de 15 anos, 1º ano do ensino médio entendeu.

Despertou-me uma duvida, será que usei a linguagem errada com meus colegas de classe, ou eles estão tão imersos no existencialismo irreal que eu ressaltei e portanto não conseguiram interpretar o que eu disse. Enfim, não sou dono da verdade e nem quero ser. Mas era um assunto tão interessante e presente, juro que esperava uma critica pelo menos, afinal era gritante isso no filme.

O QUE EU DISSE:

Professora, eu acredito que talvez o filme mostre uma noção de quanto as ciências naturais, ou até mesmo as relações humanas se distanciaram do seu propósito. Que era a construção de um mundo melhor, levando em conta a qualidade de vida do ser humano. O médico, o pesquisador, o educador se esqueceram de tais propósitos existenciais. E reduziram o sentido de existir. O médico começou a ver o individuo como a resposta fisiológica biológica. O educador como um problema-aprendizagem. Até mesmo a psicologia que foi criada para a finalidade de entender o ser humano, passa a reestringi-lo as vezes, a conceito psicopatológicos. Todos se esquecem que alem de tudo são seres humanos, que sentem, sofrem, mas alem de tudo existem.

Entre outro contexto que acredito, está que a existência humana passou a ser superficial apartir da impregnação na cultura de uma existência irreal. O mundo capitalista, trouxe um novo existir, com base no perfeccionismo e o individualismo, logo uma verdade ilusória, uma existência irreal. Longe do essencial e portanto individual. Passou a se tornar padrões, e regras sociais de como viver. Esquecendo da gênese do ser humano, impondo um existir nos valores fechados, morais e dogmáticos, quando nada disso é verdadeiro. Esqueceram da essência de existir. O existencialismo acabou por ser superficial.”

Aprendi uma lição, que venho trabalhando nela: Nunca espere algo para que possa viver! Ou melhor, não tome suas atitudes dependendo da resposta do outro. Pois o mundo não foi feito pra satisfazer suas expectativas, seus desejos através do Outro. Se fizer isso terá mais dias frustrantes. Que no final poderiam ser dias ótimos, se você os vivesse sem esperar algo em troca do Outro.

Me lembrei de algo que quero melhorar em mim; "não ligue pra opinião alheia, seja autentico, seje você mesmo, acima de tudo!". Não importa se estamos certos ou errados, deveriamos dizer o que sentimos, principalmente na faculdade, lugar pra aprender, discutir e refletir.

Quero me focar aqui no blog numa linguagem acessível, quero explicar mais detalhadamente meu olhar sobre o existencialismo e relações humanas.

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