quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Professor – O último Super Herói vivo

“Como professores temos que acreditar na mudança, temos que saber que é possível, do contrario não estaríamos ensinando pois a educação é um constante processo de modificação. Cada vez que você ‘ensina’ alguma coisa a alguém, isso é ingerido, alguma coisa lhe acontece, e surge um novo ser humano.”

Léo F. Buscaglia

Voltando a gênese da educação, (parte 3)

Bem começarei este texto falando primeiramente do seu titulo: “Professor – O ultimo super herói vivo” na certa ao bater seus olhos nele, apareceu uma certa estranheza. Tivemos grandes heróis no passado, conquistadores que lutaram contra a opressão no mundo, pessoas que entraram na frente de tanques de guerra para impedi-los, presidentes que desafiaram todo um sistema corrupto, cientistas que tentaram construir um mundo melhor, enfim são inúmeros heróis que buscaram liberdade e prosperidade para o mundo. Mas nesse mundo que estamos vivendo, nesse período histórico o grande super herói que pode salvar o mundo, não é apenas um e sim vários, milhões pra dizer a verdade. São os professores de todas as nações, de todos os cantos do mundo, estes sim podem fazer a diferença, esses sim podem ajudar a construir uma nova revolução, e sem dramaticidade alguma, posso afirmar: podem salvar o dia!

Para ser professor tem que se acreditar na mudança, acreditar nos alunos, na capacidade deles. Capacidade que não deve ser pra “classificar”, “padronizar” ou “delimitar” um aluno, isso o restringiria a um rotulo, a um dado inútil de QI, ou coisa do tipo. Professores vocês podem encontrar o brilho de um aluno em sua singularidade. Alunos que não precisam de 10 em matemática, português, inglês, geografia, história, e etc, pra provarem que serão alguém. Eles já são “alguém” professores! Moldem seus alunos, mas respeitem suas escolhas e singularidades.

O professor é uma figura magnífica, pois ele é uma verdadeira ponte, ele constrói uma ajuda, ele serve de guia, e depois ele liberta seus alunos para que possam caminhar sozinhos. Mas infelizmente os professores se perderam com o tempo. Professores, meus queridos professores, ou melhor, educadores. O que vocês pensam que estão fazendo? Acham que iram conquistar seus alunos, prender a atenção deles, com gritos? Com berros e ameaças as notas? ... Sendo autoritários e temidos? ... Professores, assim não conquistamos ninguém, assim criamos o medo, o desprezo nas pessoas, assim plantamos o ódio. Que está se manifestado cada vez mais na violência, principalmente contra você professor, é um efeito e reação, abra seus olhos!

Educador está na hora de mudar o plano de ensino, a aula em sala de aula desperta sono em qualquer um. Vocês sabem que esse modelinho (professor + cartilha/livros + prova), não funciona, não prende mais a atenção e a dedicação dos alunos.

Está na hora de uma mudança de postura, um professor literalmente mais amigo, mais sincero. Sabe o que mais me entristeço é quando vejo um educador APATICO, sim é isso mesmo, eu mesmo já tive aulas com professores que pareciam lesmas na aula, estariam mortos e não perceberam? – talvez. Parado falando e falando sobre sua matéria, não se importava com a bagunça, “ora ele estava ganhando seu salário”,... “ora que se dane esses alunos”... Professores apáticos são os piores, deveriam deixar de serem educadores, se você não se empenha não ama sua profissão, e não tenta com toda a força e vontade do mundo compartilhar de todo seu conhecimento com seus alunos, pra mim você está longe de ser um professor. Procure outra profissão, você tem direito, porque não?!

Professor conquiste seu aluno pela dinâmica, por uma aula mais real, mais humana. Invente e crie apartir do que eles precisam, querem, apartir do tipo de aluno e aula que você quer dar, saia do sistema rápido!!! Pode levar vídeo pra sala, leve filmes atuais, porque não aprender Platão com matrix? Ou zoologia com um animal de verdade? ... Porque não levar um mendigo na sala pra ser entrevistado pelos alunos? – isso é a realidade, não um papel ilustrativo querendo os convencer da exclusão social. Quer ensinar inglês, porque não no violão? ... Os leve pra cidade a qualquer canto, mas sai da prisão que é a sala de aula... Faça seus alunos verem os fatos, sentirem os fatos, cheirarem os fatos, experimentarem os fatos, etc.

Lembro-me que na minha época que nem faz tanto tempo assim, anos 90, uma professora do “pré-escolar” levou minha sala a um sacolão ao lado da escolinha pra nos ensinar sobre frutas, preços – matemática etc, nunca me esqueci disso. Leve a realidade aos alunos, diga a eles a verdade que eles saberam reconhecer isso! Use uma linguagem que eles te ouçam, não adianta usar vocabulário de grego pra alemão. É hora de conquistá-los de trazê-los de volta.

Faça o aluno te guiar ao tema pra discussão, deixe-os terem a liberdade de escolherem sobre o que querem falar. Esta na hora de ouvirmos nossos alunos, o que eles tem a dizer! Chega de tentar impor seus sistemas de valores para eles, parar de impor coisas aos outros, temos que aprender a ouvir, a ser real! “Vamos falar do aborto da garota da novela? – Ok então vamos, o que vocês acham disso?”. Professor os provoque pra discussão, se atualize no mundo deles, volte a ser adolescente, porque não gírias? - Lembre seu papel é compartilhar conhecimento, mas no fundo SÓ E APENAS eles decidiram se querem aprender ou não, então você precisa conquistá-los!

O atual modelo é um fracasso, os alunos não prestam atenção na aula, porque é monótona, sem vida, chata! Depois são forçados a fazerem provas, a maioria vai muito mal, mas com o passar dos anos os professores e a escola vão passando o aluno mesmo assim, pra não ter excesso de repetentes. Grande sistema de educação!

O professor se engana e erra por se colocar num lugar “superior” ao aluno, acreditando que seu conhecimento, suas informações tão valiosas que acumulou são artefato que lhe proporcione superioridade. Meu amigo professor, você não é superior a ninguém, ninguém é superior a ninguém, estamos todos na mesma condição, a maravilhosa condição de sermos humanos. A humildade é o primeiro caminho de uma estrada longa para que possamos nos comunicar melhor uns com os outros.

Acredito que devesse haver uma matéria no sistema de educação que tratasse como eu já disse em outros textos, do assunto: “Aprendendo a ser um ser humano”, colocaria este titulo nesta matéria. Admiro muito o trabalho de Léo Buscaglia, que lecionou e leciona a matéria amor, pra jovens universitários na Califórnia. Está na hora que uma matéria que desde cedo seja implementada na educação das crianças e adolescente, e junto com uma postura de todos os professores de outras matérias reforçarem a mesma. Ensinarmos nossos alunos desde o ensino pré-escolar ao ensino superior uma matéria que os fizessem “abrir seus olhos” como gosto de dizer. Ensinaríamos longe de questões morais, dogmas religiosos, longe de hipocrisias ou mentiras. Propondo desde cedo uma perspectiva critica nessas crianças e jovens. Um senso critico sobre tudo, pra questionarem, pra perguntarem e irem ao fundo buscando o quê das coisas! Vamos mostrar os fatos pra elas e deixar que elas decidam por si o que discutir.

Penso, uma matéria que além do “Amor” em discussão quanto ao ser humano existencial, tratar também de questões de âmbito a conscientização aos problemas “ocultos” do mundo moderno. Como os males da alienação; - religião, industria, mídia e governos -, a corrupção política, o consumismo insano do mundo capitalista, destruições ecológica, falta de ética com a fauna e flora, problemas psicossociais e de relações humanas, entre outros assuntos.

Ensinaríamos a abrirem desde cedo suas mentes para as diferenças, ensinaríamos a serem mais seres humanos. Imagine nos inúmeros problemas sociais (preconceitos, racismo, bulling, etc) e psicológicos (bulimia, depressão, fobia social, anorexia, obesidade, etc) que podemos acabar, extinguir das futuras gerações a causa de vários problemas sociais que vem de ideologias nascidas da ignorância da população. O jovem poderia voltar a sua essência “revolucionaria” correndo atrás de seus ideais como já fez na história, e agora está tão perdido. Voltaríamos a lutar pela liberdade, mas agora sabendo porque estamos lutando, indo as ruas, mudando as políticas, o sistema. É hora de mudar a educação das crianças, tornar o jovem um critico ativo para a mudança, e o adulto digno e afetuoso.

Poderíamos ir contaminando com a verdade, com o respeito mutuo e a ética para com a vida. O pensamento de milhões de crianças e adolescente, que aos poucos contagiando cada nova geração, mudando as futuras mentalidades de pouco a pouco com o tempo. Tudo está na aprendizagem, quando aprendermos a sermos seres humanos, tudo mudará. O professor é o verdadeiro guerreiro nesta causa, pena que se esqueceu disso.

Sei que estão sofrendo professores, que estão sendo agredidos na escola, que está vivendo a violência de seus próprios alunos e desvalorizados pelo governo e a sociedade.

Mas professor tenha coragem, você carrega a esperança de um futuro mais livre nesses alunos. Conquiste seu aluno no dialogo, na perseverança. Mostre pra ele que você pode oferecer muita sabedoria sem nada em troca, que tal conhecimento pode levá-lo a inúmeras alternativas e, portanto escolhas no futuro de cada um. Nunca deixe de respeitar seus alunos, mostrar que está lá de igual pra igual. Conquiste-os que vão lhe amar e admirar não por você mostrar que é o senhor da nota vermelha, mas mostrar que é um ser humano que erra, e só está ali pra compartilhar o que já aprendeu. Tenha sabedoria pra abrir sua mente pra tudo o que lhe vier, tudo o que seus alunos te trouxerem. Sabedoria também é admitir que no fundo não sabemos nada, e só quando abrimos nossas mentes, podemos abri-la pra uma centena de outras coisas que poderemos perceber.

Lembre-se professor, questione-se o tempo todo: “o que é essencial?” o que querem de seus alunos? O que querem de si mesmos?

Ainda há tempo!

Ainda há tempo pra mudança de hábitos, mudança na cultura e pra uma mudança pessoal nossa quanto professores. Vamos como educadores, educar de igual pra igual – ser humano pra ser humano. Com calma, plenitude e humildade nos doar, e praticar uma das profissões mais bonitas que existe. A profissão de COMPARTILHAR.

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